Comecei a aprender inglês por volta dos 13 anos. Eu morava num bairro pobre do subúrbio do Rio de Janeiro e meus pais faziam um grande sacrifício para pagar o curso. Para chegar lá eu tinha que andar um bom pedaço até o ponto, pegar um ônibus para outro bairro, andar mais um tanto e só aí eu chegava ao meu destino. Duas vezes por semana. Por sete anos.
Naquela época, não existia computador, internet, celular, nem nenhum desses aparatos tecnológicos que hoje tornam o ensino-aprendizagem tão mais interessante. Não havia sequer uma metodologia muito simpática aos olhos dos alunos. E, por isso, eu tive que ficar amargando uns personagens chamados Julian e Jill por livros verdes a fio. Até me formar.
Como resultado, juro que tinha dia que eu praguejava até não poder mais. E muitas vezes eu quis desistir. Mas minha mãe não deixava de jeito nenhum: “- Filha minha começou, tem que terminar. Não achei meu dinheiro no lixo!”
Aprender inglês: dificuldades X recompensas
É claro que, depois disso, as recompensas começaram a aparecer e eu acabei desenvolvendo grande vantagem acadêmica, profissional e social. E a me destacar em praticamente tudo: provas, vestibular, concursos. O que eu não tinha a menor noção, entretanto, era da importância da Língua Inglesa como ferramenta efetiva de comunicação quando a gente viaja, estuda ou mora em outro país.
Só fui me dar conta quando, mais adulta, saindo do Brasil, ia visitando país após país por este mundão afora. Não importava aonde eu estivesse: qualquer um, em qualquer lugar, pelo menos “arranhava” ou compreendia um pouquinho do idioma. Isso me ajudou a não passar nenhum sufoco. Além disso: me permitiu fazer muitos amigos e ampliar minha cultura geral – para dizer o básico.
Desde cedo, aprender inglês
Hoje em dia eu ouço muitas mães (mesmo aquelas cujos filhos fatalmente viverão experiências internacionais uma hora ou outra) arrumando mil desculpas, como por exemplo:
“- Ele ainda é muito novo para aprender”;
“- Ele já passou da idade”;
“- Vai desaprender a língua materna ou confundir a cabeça dele”;
“- Ele não tem talento para línguas”;
“- Qualquer tradutor no celular dá conta do recado”.
Em outras palavras, se seu filho pequeno espernear ou disser que prefere futebol, não ceda! Dá para fazer as duas coisas. Se o jovem adolescente insistir que já tem um monte de tarefas ou que ninguém pode obrigá-lo a nada, não desista! Por mais que o mundo esteja mudado, algumas coisas ainda permanecem as mesmas, como, por exemplo, os pais serem responsáveis pela educação de seus filhos.
Desculpas na vida adulta
Do mesmo modo, caso você seja um adulto, não há, na quase totalidade dos casos, nada que justifique qualquer impossibilidade de aprender inglês. Todos somos capazes! Preguiça não pode contar como desculpa. Falta de tempo também não. Bloqueio desde pequeno? Piorou! A vida no exterior já envolve tantas surpresas e adequações, fica mais fácil se você assumir, o quanto antes, esse compromisso consigo mesmo.
Moral da história
Conclusão: se eu me arrependo de ter persistido em aprender inglês? Nem um pouco. Aliás, agradeço a oportunidade de ter estudado ao menos um idioma (quanto mais melhor, viu?).
O modelo de sucesso eu copiei, reinventei com minhas filhas, ampliei com meus alunos. Então, deu no que deu: escrevi livros, criei programas bilíngues e preparei cursos inteiros. Mas isso já é uma outra história – que, a partir de agora, eu vou começar a dividir com vocês através deste espaço de reflexão e convivência.
Minha nova empreitada no inglês: ajudar pessoas a se sentirem acolhidas e adaptadas a seus novos lares, onde quer que elas estejam. Sem neuras, sem traumas, mas sem desculpas!
Vem comigo, gente!
Kátia Galvão