Há um esquecimento patológico das regras de convivência. Me assusta. Falta de cuidado e respeito com o espaço do próximo, individualismo confundido com individualidade. Medo.
O discurso é quase sempre o mesmo: não percebi, não me dei conta, qual o problema, foi sem querer, foi rapidinho, é bobagem, uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Tudo, de qualquer forma, comprova que o sujeito não parou por nem um minuto pra avaliar quais os possíveis impactos que suas atitudes causam aos outros. Ok, uns estão apenas desligados. (Também acontece comigo). Alguns estão literalmente nem aí sempre. Reincidentes total.
Quem cobra, quem reclama, quem sinaliza é invariavelmente conhecido como o chato, o desagradável, o maluco. E excluído. Ou ignorado. Ou zoado.
Dá um cansaço, uma vontade de deixar pra lá. Mas se deixar, piora. Por isso é necessário o aborrecimento, a cobrança: – Ei, me repara aqui! Olá, me considera um pouco! É minha vez agora!
Mas o cara vai rezar, vai se engajar em causas nobres, faz voluntariado, defende o social, colabora com as vaquinhas. Tudo no politicamente correto. Como não? Ele pode até ser um exclusivista, mas besta não é.
2020 e eu no maior descompasso. Sensação de inadequação ao sistema e às coisas como andam ocorrendo e se encaminhando. Mas eu já tô mais pra lá do que pra cá. Sobrevivo. Tô é curiosa com as gerações futuras. Como farão para viver numa sociedade harmônica?
Lembrete: conviver, viver com. Coexistir, existir junto!
Por Kátia Galvão para 50etcetera.com