Duvido que tenha alguém que não goste de um elogiozinho. Faz um afago na gente que só! Aquela sensação de estar agradando, sabe? Se estiver num dia ruim então, ignoro cuidado maior.

Não que seja preciso ser amado para amar-se. Não que autoestima dependa de opinião alheia. Se não chamaria “outroestima”. Nada disso. Não me refiro a ir buscar sua significação ou aprovação no olhar do outro. (Tá mais pra confirmação). Falo na “importância de saber-se importante”. E ponto!

Está comprovado que ela existe: a necessidade de ser relevante para alguém. Não sempre, não obsessivamente, não patologicamente. Mas, pelo menos vez ou outra, confessa que uma carícia no ego faz um bem danado!

O olhar do outro nos confirma. É espelho que reflete a existência e não nos deixa solitários com nossos próprios julgamentos sobre nós mesmos. O olhar do outro é combustível. O olhar do outro ajuda a construir o nosso!

Dizem que é uma demanda exclusivamente feminina, discordo. Pra qualquer um, o que se escuta faz toda diferença. Se é palavra cuidadosa, incentivadora, elogiosa, o astral muda. Agora experimenta a crítica. Talvez nem precise tanto: só o silêncio já estraga tudo. Soa a desprezo. Deflagra a menos valia.

Eu reclamo, eu brigo, eu faço birra – de preferência direto com o responsável pelo pecado. Eventualmente até resolve. Não sempre. Mas funciona pra mim porque, pelo menos, ponho pra fora a lista inteira dos meus imperativos de consideração e apreço.

Atualmente então, em meio a uma crise sanitária onde os abraços estão desestimulados, até abolidos, palavras com confete são a salvação do dia.

Então, vou me aproveitar do momento, onde eles são, no rosto, os únicos que ainda ficam de fora e solicitar mais olhares amorosos, pra mim e pra todos que também precisam de cafunés no íntimo!  Acompanhados de palavras gentis, mesmo que sufocadas por máscaras, ficariam ainda mais perfeitos!

Por Kátia Galvão para 50etcetera